Os boletos bancários ganharam uso por sua facilidade de conciliação financeira, pois são títulos vinculados a contas específicas, simplificando o controle de transações.
Ao emitir um boleto com dados do devedor, empresas podem monitorar e confirmar pagamentos de forma mais direta.
No entanto, dois problemas persistem nesse sistema. Primeiro, a emissão de boletos é unilateral: receber um boleto não significa automaticamente que há uma cobrança válida.
Essa brecha gera vulnerabilidade, favorecendo fraudes como boletos falsos, comuns em áreas como cobranças de planos de saúde.
Outro desafio é a dependência do cliente para efetuar o pagamento. A pessoa deve acessar o sistema, escanear o código de barras e pagar manualmente, o que fragmenta a experiência.
Esse processo é ainda mais complicado para empresas que processam um grande volume de boletos, precisando lidar com eles individualmente.
Impacto da Iniciação de Pagamentos
A Iniciação de Pagamentos (ITP) surge como uma alternativa ao modelo de boletos, pois integra o pagamento à transação no momento em que ocorre.
Isso elimina o envio de boletos e reduz o risco de fraudes, já que o pagamento é autorizado no instante da oferta.
Vantagens da ITP
A ITP proporciona vantagens relevantes para as empresas, como destaca Juan Ferrés, CEO da Teros, ao afirmar que ela pode simplificar e agilizar os processos de pagamento. Entre essas vantagens estão:
Redução de inadimplência e fraudes: a liquidação ocorre simultaneamente à autorização do pagamento, o que elimina processos pendentes.
Agilidade em pagamentos em lote: múltiplos pagamentos podem ser agendados e realizados de forma automatizada, incluindo transações recorrentes.
Conciliação integrada e digital: diferentemente do boleto, a ITP opera diretamente por APIs, facilitando a integração com os sistemas empresariais.
Essas características tornam o uso de boletos menos provável frente à adoção da ITP.
Estratégia de adoção de ITP para empresas
Neste cenário de transição, é necessário que as empresas definam suas estratégias para integrar a Iniciação de Pagamentos.
O Open Finance e a possibilidade de pagamentos automáticos, como o Pix por aproximação, transformam o fluxo de liquidação e ampliam o acesso a crédito.
Ainda assim, a escolha da solução envolve decisões estratégicas e tecnológicas.
As empresas têm duas opções principais para operar com ITP: tornar-se um Iniciador de Transação de Pagamento regulado ou adotar uma solução de mercado, semelhante ao modelo BaaS.
Cada escolha traz diferentes custos operacionais e regulatórios e exige atenção à privacidade dos dados, transparência e competitividade.
Ferrés destaca ainda que, na decisão entre desenvolver uma solução própria ou adotar uma de um provedor externo, é importante que as empresas considerem o fato de que “o consentimento dos usuários deve ser dado a uma ITP regulada.” Fornecedores externos podem, em alguns casos, se tornar concorrentes, pois terão acesso a dados estratégicos e controlarão a infraestrutura de pagamento.
Economia e novas funcionalidades
Com maior segurança e eficiência, a Iniciação de Pagamentos se posiciona como substituta dos boletos, oferecendo uma economia de até 40%.
Com o tempo, novas funcionalidades, como a autorização de múltiplos pagamentos com uma ordem única, permitirão que empresas lidem com várias transações de uma vez, melhorando a gestão financeira.
Assim, como afirma Ferrés, a transição para a ITP não é apenas vantajosa, mas “uma necessidade estratégica” para empresas que buscam competitividade e adequação ao novo cenário do mercado financeiro.
Fonte: Carta Capital
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