quinta-feira, fevereiro 6, 2025

A matemática da solidariedade: uma doação, quatro vidas salvas

Confira o editorial

A atual situação dos bancos de sangue em Rondônia merece uma reflexão profunda da sociedade. O momento crítico que atravessamos, especialmente em relação ao tipo O+ (O positivo), evidencia uma questão que transcende a mera gestão de estoques: trata-se de um desafio que envolve consciência social e compromisso coletivo. É compreensível que períodos de férias e festas resultem em queda nas doações. No entanto, as necessidades dos pacientes não entram em recesso. Cirurgias continuam sendo necessárias, pessoas com doenças crônicas seguem precisando de tratamento, e emergências não escolhem hora para acontecer.

A iniciativa do governo estadual de expandir os pontos de coleta através da unidade móvel representa um avanço significativo na busca por soluções. Levar o serviço até as comunidades do interior demonstra uma compreensão clara de que a acessibilidade é fundamental para aumentar as doações. Contudo, apenas a disponibilidade do serviço não é suficiente — é preciso que a população responda positivamente a este chamado. Os números são eloquentes: cada doação pode salvar até quatro vidas. Esta matemática da solidariedade deveria ser suficiente para sensibilizar mais pessoas a se tornarem doadoras regulares. Afinal, qual outro gesto cotidiano nos oferece a oportunidade de impactar positivamente tantas vidas com tão pouco esforço?

A questão também expõe a necessidade de um trabalho contínuo de educação e conscientização. É fundamental desmistificar medos e preconceitos ainda existentes em relação à doação de sangue. As regras e impedimentos, sejam temporários ou definitivos, existem para garantir a segurança tanto do doador quanto do receptor, não para dificultar o processo. O funcionamento de seis hemocentros fixos em pontos estratégicos do estado, somado ao programa itinerante, cria uma rede de captação robusta. Porém, sua efetividade depende diretamente do engajamento social. É preciso transformar a doação de sangue em um hábito cultural, não apenas uma resposta a campanhas emergenciais.

O momento atual deve servir como catalisador para uma mudança de mentalidade. Não podemos esperar que apenas pessoas próximas a pacientes se mobilizem. A responsabilidade é de todos que atendem aos requisitos para doação. Esta é uma oportunidade para Rondônia demonstrar sua capacidade de união e solidariedade. O desafio está posto: transformar a atual escassez em um futuro de estoques seguros e regulares, garantindo que nenhuma vida seja posta em risco por falta de sangue.

Fonte: Diário da Amazônia

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