Faculdade Metropolitana atinge nota máxima no MEC, mas enfrentará evasão de alunos para concorrente São Lucas, após retirada de blocos do 4º ano de Medicina
Decisão da coordenação em alterar a grade sem consulta aos alunos gera onda de insatisfação; Centro Universitário São Lucas articula recebimento de cerca de 100 estudantes e pode atrair turmas futuras

A Faculdade Metropolitana de Porto Velho, recém-reconhecida com nota máxima (5) pelo Ministério da Educação (MEC) no curso de Medicina, enfrenta um dos momentos mais delicados desde sua expansão. Embora o reitor e fundador Aparício Carvalho tenha intensificado ações para atrair novos estudantes, como bolsas próprias, programas internos de financiamento e iniciativas de fortalecimento institucional, a faculdade pode perder aproximadamente 100 alunos para sua principal concorrente, o Centro Universitário São Lucas.
O foco da crise está na Turma T5 (4º ano), considerada uma das etapas mais decisivas da formação médica. A insatisfação generalizada teve início após uma decisão unilateral do coordenador do curso, que retirou os blocos curriculares e/ou eixos que organizavam disciplinas em clínica médica, como Cardiologia, Nefrologia, Oncologia, Pneumologia, Reumatologia; e clínica cirúrgica, dividida em: Anestesiologia, Pediatria, Cirurgia Torácica, Urologia e Cirurgia Vascular.
A mudança foi feita sem deliberação, consulta ou discussão com os estudantes, contrariando, segundo eles, a promessa institucional de metodologia ativa, modelo que pressupõe participação efetiva do aluno na construção do aprendizado.
A repercussão foi imediata. Um grupo estruturado de acadêmicos procurou alternativas e iniciou tratativas com a São Lucas, que já sinalizou disponibilidade para receber 100% dos alunos insatisfeitos do 4º ano, sem qualquer prejuízo no prazo da conclusão do curso.
Internamente, a movimentação acende um alerta grave. Estudantes e observadores apontam que, embora o acordo inicial da São Lucas seja direcionado apenas aos alunos da T5, abre-se um caminho para que turmas posteriores, como T6, T7 e T8, também considerem a transferência, caso o clima de instabilidade permaneça. O potencial efeito cascata pode comprometer a sustentabilidade de um curso que acaba de ser reconhecido nacionalmente pela excelência acadêmica.
O contraste é evidente: enquanto o reitor Aparício Carvalho reforça medidas para ampliar o acesso e manter a qualidade do curso de Medicina, a decisão isolada da coordenação acabou gerando uma crise institucional inesperada. Para muitos, trata-se de um erro estratégico que, se não for corrigido, poderá resultar em esvaziamento histórico da instituição.
Até o fechamento desta matéria, a Metropolitana não havia divulgado nota oficial sobre as mudanças na grade e sobre o movimento de transferência dos alunos. A São Lucas mantém postura discreta, mas se prepara para absorver os estudantes interessados, o que pode reconfigurar o cenário do ensino médico em Porto Velho.





Comentários