É PRECISO RESPEITAR OS EMPREENDEDORES QUE CUIDAM DA AMAZÔNIA

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Léo Moraes

            Como morador, desde sempre, do Estado de Rondônia, não poderia me furtar a promover o debate a respeito das queimadas na Floresta Amazônica. Nesta semana, subi à tribuna para fazer uma defesa e um pedido, ao mesmo tempo. Neste momento, precisamos de centralidade, de coerência, de razão e de inteligência. Nós sabemos que os produtores rurais têm área de preservação em suas propriedades, que já está tipificada na legislação, que, à época, era somente 30%, passou a 50% e hoje é 70% de mata.

            Essa vegetação também diz respeito ao princípio do bem-estar social, à finalidade social da propriedade privada. E nós não temos nenhum tipo de benfeitoria entregue a quem as mantém. Os produtores, os empreendedores e os Governos locais não recebem benefícios por conta disso. Isso, em nenhum momento, foi levantado.




            Faz-se necessário compreender a necessidade de se manter o grande condicionador de ar em pé, sem contar a grande biodiversidade – 30% da fauna e flora resistem exatamente nessa região. De tal maneira não é aceitável que o Governo Federal entre em rota de colisão com outros países, supostamente dizendo que quer preservar a soberania nacional, o patriotismo e o nacionalismo. Será que nós temos forças o suficiente para fiscalizar as nossas áreas fronteiriças? Será que nós temos equipe para impedir a entrada de outras nações em nossas terras?

            Em que pese o trabalho das Forças Armadas, do Exército, ser hercúleo e muito bonito, nós não temos equipe para isso. Não adianta entrarmos em rota de colisão com quem porventura colabora com o nosso País. Nós não podemos, de forma alguma, recusar algum apoio, como o do Presidente da França, Macron, que, é lógico, está dentro de uma estratégia, pois está em frangalhos na sua administração e, infelizmente, não consegue superar as dificuldades internas.




            Os Coletes Amarelos estão diariamente nas ruas. Geopoliticamente, ele tem o interesse de tomar a hegemonia daquela região, pois não tem apoiamento no seu próprio continente. E o Brasil não pode entrar nessas tratativas, logo o Brasil, que, historicamente, tem uma diplomacia invejada e reconhecida em todo o mundo, seja a diplomacia política, seja a diplomacia institucional, através do Instituto Rio Branco, através de grandes personagens, como foi Rui Barbosa, como foi Oswaldo Aranha, como foi o Barão do Rio Branco, como foi o Visconde do Rio Branco.

            Nós temos que tratar a questão da Amazônia com responsabilidade. Estamos em um momento de estiagem, em um momento de seca. Anualmente, isso acontece, mas sabemos que os picos, os pontos de fogo, de queimadas, são maiores. A cada mensagem, a cada frase que o Presidente fala, ele encoraja os criminosos, que são a menor parte em tudo isso, que tendem a invadir reservas indígenas de qualquer forma, na base da força, na calada da noite.

            Mas nós não podemos punir quem faz preservação dia a dia na sua propriedade, muitas vezes sacrificando a sua produção, com 70% de área de reserva legal. E o que é que se paga para a nossa Amazônia? Nós viramos um discurso de moda, de momento. Daqui a pouco, os ditos grandes conhecedores da Amazônia virarão as costas novamente para a nossa região e voltarão a tratar dos ditos “Estados do centro maravilha”. E, mais uma vez, nós seremos negligenciados.




            Precisamos também ter esta orientação exata: para onde vai o recurso do Fundo Amazônia? Posso dizer isso porque o nosso Estado foi beneficiado com uma aeronave que apaga o fogo e que está à disposição do Corpo de Bombeiros. Mas e os outros? Sabemos que existem ONGs que estão lá para mijar no poste, sim! Mas não podemos ser generalistas. Se formos generalistas, nós vamos condenar o atual Governo, que, simplesmente, revida, debocha, diminui o debate diplomático e o tamanho do Brasil mundo afora. Se quisermos tomar conta da nossa Amazônia, vamos ter que dialogar, vamos ter que indenizar os Estados brasileiros e conversar com os empreendedores, com a agricultura familiar, com o agronegócio, com quem faz aquela terra ficar de pé, com quem se integrou para não entregá-la para outras nações.

Léo Moraes é advogado e deputado federal pelo Podemos de Rondônia.

Discurso proferido pelo deputado Léo Moraes (PODE-RO), em 28 de agosto de 2019


Fonte: Assessoria