Indefinições de Bolsonaro e Tarcísio afetam chapas da direita ao Senado
Partidos aliados aguardam a decisão de Jair Bolsonaro sobre quem será o candidato do bolsonarismo à Presidência em 2026 para definir alianças e chapas ao Senado. O ex-presidente quer indicar ao menos um nome por estado, priorizando o controle político da Casa

Partidos de direita aguardam a definição de Jair Bolsonaro (PL) sobre quem será seu sucessor na disputa pela Presidência em 2026 para definir chapas em estados considerados estratégicos para a eleição nacional.
Aliados do bolsonarismo apontam que alianças podem ser feitas ou desfeitas a depender de quem for o candidato ao Planalto -e de se for um nome também próximo de alguns partidos de centro, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou algum integrante da família Bolsonaro.
A indefinição se dá especialmente no PSD –que integra o governo Lula (PT), mas também o de Tarcísio em São Paulo. O governador tem mantido postura ambígua, mas freou a ofensiva presidencial nas últimas semanas e tem reforçado ser candidato à reeleição.
A ordem do ex-presidente é para que uma das vagas em cada estado seja de sua indicação, e a outra, de um partido aliado.
Em 2022, foram disputadas 27 vagas na Casa, e os aliados do ex-presidente conquistaram 56% delas. Em 2026, o Senado irá renovar as demais 54 vagas. Se o bolsonarismo repetir o índice de sucesso, conseguirá ocupar a maioria das cadeiras, 45, mas não chegará às 54 necessárias para conseguir a aprovação de um impeachment de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
No Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Paraná, a definição da chapa do Senado para o ano que vem depende bastante do arranjo para a disputa presidencial.
No Rio de Janeiro, se Tarcísio for candidato ao Planalto, o prefeito e provável candidato ao governo Eduardo Paes (PSD) pode ficar neutro em relação à Casa, o que beneficiaria o PL, que pode ter dois candidatos no estado.
Paes é aliado de Lula, mas o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já disse que estará com Tarcísio caso o governador se lance à Presidência.
O PSD hoje tem um pré-candidato próprio ao governo federal: Ratinho Jr., chefe do Executivo no Paraná. Ele manterá a candidatura caso o governador de São Paulo decida não concorrer. Caso contrário, poderá se lançar ao Senado. No estado, o bolsonarismo tem mais duas candidaturas: deputado Filipe Barros (PL-PR) e Cristina Graeml (Podemos).
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a indefinição preocupa aliados do governador e do ex-presidente. Um cenário se desenha com Tarcísio concorrendo à reeleição, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), para uma vaga ao Senado e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) concorrendo para a outra -mas a presença dele nos EUA e as investigações que o atingem podem inviabilizá-lo.
Em outro cenário, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), deixaria o cargo para concorrer ao governo ou o vice-governador Felício Ramuth (PSD) seria alçado ao posto.
Em Minas Gerais, estado do também presidenciável Romeu Zema (Novo), o Republicanos deve lançar para governador o senador Cleitinho, enquanto o chefe do Executivo estadual busca emplacar seu vice, Matheus Simões.
Para isso, Simões pode se filiar ao PSD, que hoje é casa do senador Rodrigo
Pacheco (MG), possível nome de Lula para governador no estado.
Santa Catarina, Distrito Federal e Rondônia são estados em que o PL deverá ter dois nomes concorrendo ao posto.
No primeiro caso, Carlos Bolsonaro deve ficar com uma das vagas. A segunda é disputada pela deputada Carol de Toni (PL-SC) e pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que busca a reeleição.
Os dois estiveram recentemente com Bolsonaro, preso em casa desde 4 de agosto. O ex-presidente disse à deputada que ela era um bom nome e deu aval para que tentasse se viabilizar. Já Amin afirmou à reportagem, após o encontro, que está cedo e há muita coisa para acontecer ainda.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), tenta um arco amplo de alianças, mas poderia perder Amin e o PP -que se uniriam a uma candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD)- caso seu partido lance dois nomes ao Senado.
No Distrito Federal, o PL apresenta duas candidaturas eleitoralmente viáveis, mas o movimento pode pôr o partido em rota de colisão com aliados. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é vista como garantida em uma das vagas -caso não se lance numa eventual chapa à Presidência, mesmo que como vice.
Mas a deputada Bia Kicis (PL-DF) também se colocou para o cargo, após conversas com Bolsonaro no início do ano.
Em Rondônia, o PL também deverá ter dois candidatos: o senador Marcos Rogério, que tentará se reeleger, e o empresário e amigo do clã Bruno Scheid.
Opções ao Senado competitivas ao bolsonarismo*
NORTE (3)
– Acre: senador Márcio Bittar (PL-AC)
– Rondônia: deputado federal Fernando Máximo (União Brasil-RO)
– Pará: deputado federal Éder Mauro (PL-PA)
NORDESTE (1)
– Rio Grande do Norte: senador Styvenson Valentin (Podemos-RN)
CENTRO-OESTE (4)
– Distrito Federal: ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF)
– Goiás: deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO)
– Mato Grosso do Sul: governador Reinaldo Azambuja (PL)
– Tocantins: senador Eduardo Gomes (PL-TO)
SUDESTE (3)
– Minas Gerais: senador Carlos Viana (Podemos-MG)
– São Paulo: secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite (PP)
– Rio de Janeiro: senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
– Paraná: Cristina Graeml (Podemos)
– Santa Catarina: Carlos Bolsonaro (PL-RJ)
*Incluindo nomes do PL, partidos aliados ou notórios apoiadores de Bolsonaro que já estão bem posicionados em pesquisas locais para ao menos uma das vagas ao Senado.
Fonte: Folhapress
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