Nem o Papa confia em Maduro

Em entrevista publicada pelo jornal espanhol “El País”, o cardeal Baltazar Porras, presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, classifica como insulto Maduro propor o diálogo.

O Papa Francisco deixou claro que não tem interesse em mediar uma solução para a crise que devasta a Venezuela. Na carta enviada a Nicolás Maduro, e vazada pelo jornal italiano “Corriere della Sera”, o pontífice sequer se refere a Nicolás Maduro como presidente, apenas como “senhor”, em mais um sinal de que a paciência do Vaticano com o regime se esgotou.

As chances de diálogo ficaram para trás e foram desperdiçadas pelo regime. Francisco alinhou-se aos bispos venezuelanos, que vêm denunciando em ritmo crescente o rumo autoritário que o país conduzido por Maduro tomou, assim como a dramática situação da população. Tampouco reconhecem o segundo mandato de Maduro como legítimo.




Em entrevista publicada pelo jornal espanhol “El País”, o cardeal Baltazar Porras, presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, classifica como insulto Maduro propor o diálogo, “quando está com a água no pescoço”. A tensa relação entre o presidente venezuelano e representantes da Igreja no país já desqualificaria, por si só, o apelo feito por ele ao Vaticano.

O Pontificado de Francisco imprimiu a marca da mediação aos conflitos. Envolveu-se pessoalmente na aproximação entre Cuba e EUA, que levou o primeiro presidente americano a pisar na ilha em quase cinco décadas. E perseguiu, embora sem sucesso, uma solução para o Oriente Médio. No caso da Venezuela, o Vaticano buscou tentativas de mediação em 2015 e 2016. Inutilmente.

Como observou o cardeal Porras, no último encontro com Francisco, Maduro fez promessas que não cumpriu; quebrou-se a confiança.

O Vaticano não confirmou nem desmentiu os trechos da carta do Papa publicados pelo jornal italiano. Mas seu vazamento ocorreu dias após uma delegação enviada por Juan Guaidó ser recebida na Santa Sé. A biruta do Vaticano parece soprar na direção contrária do regime venezuelano.

Fonte:  Sandra Cohen, G1