quinta-feira, dezembro 26, 2024

OMS admite erro e eleva risco global de coronavírus

Número de mortes chegam a 106 na China

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar nesta segunda-feira, 27, como “elevado” o risco internacional do coronavírus, após qualificá-lo como “moderado” em informe na semana passada.

Segundo a entidade, houve erro de formulação do texto na avaliação anterior. O total de mortos pela doença chegou a 106 na China e houve o primeiro óbito em Pequim. Ao menos outros 12 países, em 3 continentes, já reportaram casos – nesta segunda a Alemanha entrou na lista.

No Brasil, não há infecções registradas, segundo o governo federal. Minas informou apurar a situação de uma jovem de 22 anos, que veio da China e apresenta sintomas respiratórios, mas ainda vai discutir o caso com o Ministério da Saúde.

“Trata-se de um erro de formulação nos informes de situação dos dias 23, 24 e 25 de janeiro, e o corrigimos”, informou uma porta-voz da instituição, que tem sede em Genebra. A avaliação do risco de disseminação do vírus, conforme a OMS, foi atualizada para: “muito elevado” na China, “elevado” em nível regional e “elevado” em nível mundial. Isso não significa que foi declarada emergência global. A avaliação de risco, diz a entidade, considera a gravidade, a disseminação e a capacidade de responder ao avanço do surto, que já tem cerca de 4,1 mil casos confirmados pelo mundo, a maioria na China.

Na semana passada, a OMS se dividiu, mas a organização optou por não declarar emergência internacional em saúde pública – o que surpreendeu parte dos especialistas. A situação de emergência foi decretada pela entidade, por exemplo, na pandemia de H1N1, em 2009, e na epidemia de zika, em 2016.

A OMS disse que, até a semana passada, havia número localizado e limitado de casos e destacou as providências do governo chinês. O país já colocou mais de 40 milhões de habitantes em quarentena, suspendeu parte dos transportes e restringiu acesso a locais públicos, além de estender o feriado do ano-novo lunar.

A Mongólia fechou a fronteira terrestre com a China, com mais de 4,6 mil quilômetros, em um esforço para conter o vírus. Escolas e universidades locais também foram fechadas até 2 de março. A Malásia vai barrar moradores da Província de Hubei, epicentro do surto.

Já Estados Unidos, França, Espanha, Japão, Sri Lanka, Austrália e Rússia se organizam para tirar seus cidadãos de Hubei, em meio às medidas chinesas de isolamento. Entre as providências, estão negociações com Pequim e frete de aviões para levar os cidadãos de volta.

A OMS disse também nesta segunda-feira estar investigando se o vírus é contagioso no período de incubação, antes que apareçam os sintomas. Para a entidade, essa etapa dura de dois a dez dias. Cientistas acreditam que o vírus pode ter manifestação assintomática.

Brasil

O governo federal disse nesta segunda que a situação está sob controle no País e afirmou que não vê necessidade de averiguar todas as aeronaves que vêm da China. Presidente substituto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres disse que a vigilância sanitária será chamada para análise mais detalhada só se for notificada presença de pessoa com suspeita do vírus, o que ainda não ocorreu em voos que chegaram ao Brasil.

“A notificação (de suspeitas) não é opção do comandante. É compulsória. Nos casos em que é feita a notificação, a equipe terá acesso ao veículo. Vai efetuar triagem inicial.” Se houver suspeita, a abordagem da Anvisa poderá, por exemplo, isolar o voo e levar os passageiros a um local seguro. Eles poderão ser monitorados por equipes de vigilância sanitária nos dias seguintes. A abordagem da agência, porém, dependerá do caso.

“Os riscos existem. Estamos diante de situação de um agente viral levando a graves consequências de saúde.” De acordo com Torres, as regras da agência têm sido suficientes até agora. (Com agências internacionais).


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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