sexta-feira, janeiro 17, 2025

Os conturbados primeiros 15 dias do prefeito Léo Moraes à frente de Porto Velho

A gestão de Léo Moraes (Podemos) na Prefeitura de Porto Velho completa 15 dias, marcados por uma mistura de otimismo inicial, críticas contundentes e crises inesperadas. Embora o clima de “lua de mel” com parte da população ainda prevaleça, as dificuldades da cadeira de prefeito começam a se mostrar desafiadoras, indicando que o cargo exige mais do que carisma e promessas.

Léo Moraes tomou posse em um evento grandioso no Complexo EFMM, cercado por apoiadores fervorosos que não pouparam vaias ao ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB) e ao presidente da Câmara Municipal de Porto Velho, recém-eleito Gedeão Negreiros (PSDB). A posse, embora simbólica, já expôs tensões políticas e expectativas elevadas sobre a nova gestão.

Desde então, o prédio do Relógio, sede da Prefeitura, tem sido frequentado diariamente por membros da “equipe do Léo” em busca de cargos comissionados. Esse movimento reflete tanto a popularidade do prefeito quanto os desafios de atender a uma base ampla de apoiadores sem desagradar setores estratégicos da política local.

No terceiro dia de mandato, Porto Velho enfrentou uma forte chuva que durou mais de 14 horas, deixando a cidade em estado de alerta. O episódio virou tema nas redes sociais, onde críticos e defensores da gestão Léo Moraes se digladiaram. A frase “Cadê você, Léo Moraes, pra chutar a água da chuva?” viralizou, simbolizando a rápida transição da euforia para a cobrança popular.

Com apenas cinco dias de gestão, Léo Moraes aprovou uma controversa reforma administrativa que unificou as secretarias de Agricultura e Meio Ambiente, gerando críticas de todos os lados. A medida desagradou ambientalistas, produtores rurais e até cidadãos alheios ao tema, destacando a dificuldade de conciliar interesses opostos em um contexto político polarizado.

Essa decisão é vista como um erro estratégico que pode comprometer o diálogo com setores importantes, como o agronegócio e os movimentos ambientais, em um estado cuja economia depende fortemente do equilíbrio entre produção agrícola e preservação ambiental.

A segurança pública, um dos principais desafios históricos de Porto Velho, tornou-se o maior teste para a nova gestão. A cidade foi abalada por uma série de ataques atribuídos ao Comando Vermelho, que resultaram no incêndio de 13 ônibus nos distritos de Jaci-Paraná e União Bandeirantes. Empresas de transporte, como a Amatur, e comerciantes locais sofreram prejuízos significativos, agravando o clima de insegurança e incerteza.

O caos gerado pelos ataques expôs a fragilidade do sistema de segurança pública e a necessidade urgente de ações coordenadas entre município, estado e federação. As críticas à gestão, nesse caso, vão além da responsabilidade direta de Léo Moraes, mas ressaltam a complexidade dos problemas enfrentados por uma capital em crescimento.

Os primeiros 15 dias de Léo Moraes à frente da Prefeitura de Porto Velho mostram que a “caneta” do prefeito é, de fato, pesada e cheia de armadilhas. Entre crises climáticas, pressões políticas, polêmicas administrativas e violência urbana, a gestão precisará de estratégia, diálogo e firmeza para superar os desafios.

Embora ainda seja cedo para julgamentos definitivos, o governo de Léo Moraes já se encontra sob intenso escrutínio público, mostrando que o caminho do sucesso não será pavimentado apenas por carisma e popularidade.

*Samuel Costa é advogado, jornalista, ativista politíco com especilidade em Ciência Política*

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