Quem me conhece sabe como penso e milito na política, como sou inquieto e combativo, intransigente em defender as coisas em que acredito. Minhas posições politicas foram construídas após muita militância, muita luta. Não há nada de oportunista ou ocasional em atuar para que o Estado (nas três esferas) dirija suas energias para os que mais precisam e com mais urgências. E todos os segmentos sociais (ricos, remediados e pobres) precisam do Estado, em maior ou menor escala, com menos ou mais urgência. Esse equilibro é o grande desafio dos gestores públicos. Apesar de parecer ansioso para que as coisas aconteçam, é assim que penso o critério para estabelecer prioridades em políticas públicas.
Não crer ser defensável que se asfaltem ou recapeiem as ruas mais centrais de uma cidade 10 vezes mais do que uma de bairro periférico. Os bairros centrais em geral recebem mais atenção do que os demais, em todos os sentidos. A lógica administrativa pública mantém este erro histórico por décadas. O princípio de “administrar da periferia para o centro” é uma demanda não atendida pelos gestores, por pura crença de que os que moram no centro “têm mais direitos” do que aqueles que residem nas bordas da cidade.
Ou melhor, “têm mais urgências” pela atuação do Estado do que aqueles que habitam afastados. O senso de urgência, neste caso, está baseado na crença de que os que moram no centro tem mais capacidade de ajudá-los eleitoralmente do que os outros.
Estou levando essa discussão para os grupos políticos com os quais tenho debatido a estratégia eleitoral para as próximas eleições. O projeto que tenho defendido tem essa essência.
Não significa abandonar o centro, mas buscar o equilíbrio entre as “urgências” dos que ali moram e daqueles que moram na periferia. O centro necessita de recuperação dos seus “símbolos” (praças, mercados, feiras, igrejas, monumentos, equipamentos culturais, etc), enquanto a periferia necessita de tudo, desde o atendimento mais básico (asfalto, escolas, posto de saúde, transporte, iluminação pública, segurança), até aqueles elementos já consagrados na área central (praças, mercados, feiras, igrejas, monumentos, equipamentos culturais, etc).
Mudar a lógica administrativa é, portanto, reparar um equivoco administrativo histórico e promover justiça com o dinheiro público – além de construir uma cidade sem grandes distorções urbanas.
Samuel Costa é professor, jornalista, militante dos Direitos Humanos em Rondônia, filho de Porto Velho e pai da Sofia Costa.
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