Vanessa Caetano dos Reis saiu a pé, na quarta-feira, à tarde, de sua casa, localizada na Linha P 17, Setor 10, e foi até a propriedade da mãe, distante 7 quilômetros. No dia seguinte, quinta, 13 de junho, pegou um carro de boi emprestado e seguiu para a Gleba Rio Preto, onde o barco da Justiça estava atracado. Ao todo foram 17 quilômetros percorridos até a comunidade atendida pela Justiça Itinerante no Baixo Madeira.
Mãe de seis filhos, precisava levá-los para fazer os documentos de identidade dos três menores e o CPF de todos eles. Os documentos RGs dos três mais velhos foram emitidos na operação anterior, quando o barco passou pela comunidade, em maio do 2018.
Moleque, como foi batizado o boi, trouxe toda a família na carroça em um único trajeto, uma “picada” aberta no meio da floresta. A jornada valeu a pena, pois todas as crianças saíram do barco com a confirmação da cidadania. “Deslocar até Porto Velho fica complicado, o barco vir aqui favorece a gente, né?”, comentou a agricultora ao registrar o momento numa foto com todos reunidos.
A pequena saga da família Reis exemplifica a necessidade das comunidades ribeirinhas e suas dificuldades em ter acesso a serviços tão simples, que no cotidiano da cidade representam quase nada, mas para um programa institucionalizado do Poder Judiciário configura um grande esforço de garantia aos direitos mais básicos.
“É muito gratificante ver a população sair daqui com seus anseios atendidos. Para isso empreendemos todos os nossos esforços, inclusive nos deslocando a pé ou de voadeira, para notificar as partes, em caso de conflitos. Nosso objetivo é a pacificação social”, disse a juíza Fabíola Inocêncio, coordenadora da Justiça Rápida.
Além do Tudo Aqui Móvel, que garante os documentos de identidade, também integra a operação o cartório Carvajal, registrando nascimentos, óbitos e realizando casamentos. O TRE também regulariza o título de eleitor e isenta o cidadão de multas.
Sexta-feira e sábado, 14 e 15 de junho, a Justiça Itinerante atende no distrito de Calama, um dos maiores do Baixo Madeira, e por esta razão o que geralmente tem maior demanda. Por isso é a única comunidade com dois dias de atendimento no barco da Justiça.
Fonte: Assessoria TJ
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