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Médica teria tentado adulterar prescrição após morte do menino Benício

Criança de seis anos, morreu após ter sido administrada adrenalina nele por via endovenosa

Uma criança de seis anos morreu, durante a madrugada do dia 23 de novembro, após ter sido atendida no Hospital Santa Julia, em Manaus, e de lhe ter sido administrada adrenalina por via endovenosa. Os pais do menino suspeitavam que o filho estaria com uma laringite. Aquele que já é apelidado de Caso Benício deixou a cidade em choque.

No hospital, Benício Xavier de Freitas foi atendido pela médica que estava de serviço na emergência que, de imediato, prescreveu três doses de adrenalina de 3 ml cada por via intravenosa num intervalo de 20 minutos.

Logo depois da primeira aplicação, o menino começou a sentir-se mal e, de acordo com a família, houve uma demora no seu atendimento.

Em uma entrevista à TV A Crítica, o pai de Benício Xavier de Freitas, de seis anos, referiu que viu o filho sofrer três paradas cardiorrespiratórias.

“Presenciei três paradas. Me ajoelhei ao seu lado, rezei, gritei e pedi para ele voltar. Na terceira vez, percebi que ele já estava sofrendo. Saí para avisar a minha mulher que ele estava muito mal. De seguida, a médica veio e disse que ele tinha morrido”, contou.

A Polícia Civil do Amazonas, que está investigando a morte do menino, referiu que documentos disponibilizados pelo hospital e depoimentos já recolhidos apontam para um erro médico.

Médica assumiu erro em mensagens de WhatsApp

A CNN Brasil teve acesso às mensagens trocadas pela médica onde assume o erro, assim como ao documento médico que registra todo o histórico de saúde de um paciente.

A investigação aponta que, após a morte do menino, a médica teria tentado adulterar a prescrição médica para se conseguir livrar de qualquer culpa.

Nas mensagens de WhatsApp, é possível ler o seguinte: “Já fiz isso. Me ajuda. Eu que errei na prescrição. Me ajuda. Pede a alguém para descer. Paciente rebaixou”, seguindo-se um vídeo do menino.

Já no documento, a médica assumiu que “prescreveu erroneamente adrenalina por via intravenosa”. No entanto, em um primeiro momento, tenta responsabilizar a mãe do menino pela aplicação errada.

“Orientei verbalmente a mãe qual seria minha conduta de todas as medicações e sinalizei adrenalina via inalatória. Inclusive, a mesma alertou e insistiu tal orientação antes da administração por via venosa”, lê-se.

Já a mãe da criança, em depoimento, afirmou que, apesar dos seus alertas à equipa médica, a técnica de enfermagem seguiu as orientações prescritas pela médica: “adrenalina por via intravenosa”.

Técnica de enfermagem estranhou procedimento

Depois de ter prestado depoimento às autoridades, a técnica de enfermagem que procedeu ao pedido da médica disse, durante uma entrevista, que estranhou a forma de aplicação da adrenalina, uma vez que, normalmente, é feita por via respiratória. No entanto, seguiu a prescrição da médica.

Após a primeira dosagem, Benício Xavier de Freitas começou se sentir mal, tendo ficado pálido e com dificuldades em respirar. Assim, a técnica informou a médica, que disse que tinha informado a mãe de que a aplicação do medicamento seria feita por inalação.

Autoridades pedem prisão

Depois de recolhidos elementos probatórios, as autoridades pediram pena de prisão para a médica de 33 anos pelo crime de homicídio qualificado doloso. No entanto, o pedido foi negado, tendo-lhe sido concedido habeas corpus preventivo.

A investigação ainda está decorrendo e as conclusões serão depois encaminhadas para a justiça.

Um delegado da Polícia Civil adiantou ainda que a médica e a técnica de enfermagem iriam ser colocadas frente a frente, uma vez que os seus depoimentos são contraditórios. Entretanto, as duas profissionais de saúde foram afastadas do hospital.

“Sempre com esse sorriso meigo e alegre”

Na dia 1 de dezembro, o pai do menino de seis anos, Bruno Mello de Freitas, e a família se manifestaram em frente ao hospital, pedindo justiça pela morte da criança.

Bruno usou ainda a sua página de Facebook para salientar que a sua família está lutando pelo total esclarecimento do caso.

“Meu filho Benício Xavier de Freitas. Sempre com esse sorriso meigo e alegre. A dor é imensa desde o dia 23/11/25 quando partiu para uma vida melhor. Você sempre será lembrado pela sua família, pois foi uma criança compreensiva, carinhosa, atenciosa, obediente, resiliente, esperta, amiga, e acima de tudo sem nenhuma maldade com o próximo – criança pura! A Joyce foi uma mãe que nunca mediu esforços para ver você sempre bem e melhor, abdicou de si própria para sua constante evolução como ser humano com princípios éticos e morais. Inclusive nos ensinou bastante sobre ser família. A luta por você será incansável e não mediremos esforços!”, pode ler-se.

Fonte: Notícias ao Minuto

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