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O pé diabético não precisa terminar em amputação

Especialistas afirmam que com diagnóstico precoce e o uso de técnicas avançadas, é possível salvar extremidades com sucesso

No Brasil, cerca de 10,2% da população convive com diabetes, o que representa aproximadamente 20 milhões de brasileiros. O pé diabético é uma complicação comum e severa da doença, resultante da combinação de neuropatia (perda de sensibilidade protetora dos pés) e alteração da vascularização arterial no membro inferior. Esses fatores favorecem o desenvolvimento de calosidades e feridas que cicatrizam mal, evoluindo para úlceras profundas, infecções ósseas (osteomielite) e, em estágios avançados, gangrena. Estima-se que aproximadamente 15% dos pacientes com diabetes desenvolverão lesões nos pés ao longo da vida e que 80% das amputações de membros inferiores ocorram justamente por complicações nesses ferimentos.

“Hoje conseguimos reverter casos que, anos atrás, seriam tratados com amputações maiores. Utilizamos técnicas combinadas antigas e modernas para cobrir áreas afetadas, realinhamos a extremidade para uma posição funcional, além de buscarmos o restabelecimento da vascularização. O objetivo não é apenas fechar a ferida, mas preservar a função e a qualidade de vida do paciente”, explica a cirurgiã plástica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Martha Katayama.

O sucesso dessas intervenções está atrelado a abordagem multidisciplinar. Endocrinologistas, ortopedistas especialistas em pé e reconstrução óssea, infectologistas, cirurgiões vasculares e cirurgiões plásticos trabalham em conjunto para tratar a infecção, estabilizar os níveis de glicemia e manter o membro acometido. Quanto mais cedo o paciente busca atendimento, melhores são as chances de salvar o membro.

“Muitos pacientes chegam acreditando que não há mais o que fazer, mas é possível reverter o quadro. Com tratamento adequado e estagiado, já conseguimos salvar membros em situações extremamente complicadas”, explica a ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Claudia Diniz.

Mesmo com os avanços do tratamento, a prevenção é fundamental. A inspeção diária dos pés, cuidados com higiene, uso de calçados adequados e o controle rigoroso da glicemia são ações essenciais.

A endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra Tarissa Petry, separou algumas dicas importantes para evitar feridas nos pés de quem tem neuropatia:

  • Não andar descalço, a perda de sensibilidade protetora predispõe lesões que passam despercebidas;
  • Lavar os pés sempre com água morna e corrente e não deixar os pés de molho;
  • Secar bem os pés e entre os dedos, usando toalhas de tecido macio;
  • Não usar bolsas de água quente;
  • Cortar as unhas dos pés em linha reta e não muito curtas;
  • Não tirar cutícula;
  • Procurar sempre fazer as unhas dos pés com um profissional;
  • Usar meias sem costura e de cor clara; se as meias tiverem costuras, procure usá-las do avesso para que as costuras não causem lesões;
  • Passar cremes hidratantes em cima e embaixo dos pés e até as pernas; não passar entre os dedos;
  • Examinar os pés, inclusive as plantas dos pés diariamente com a ajuda de um espelho;
  • Ao examinar os pés, procurar por rachaduras, cortes, feridas, bolhas, inchaço e calor localizado;
  • Nas consultas de rotina com seu médico, lembre-se de pedir que ele examine seus pés;
  • Opte por sapatos sem costura interna proeminente, firmes e confortáveis;
  • Evite o uso de calçados abertos;
  • Olhe os pés a cada 2 horas ao uso de calçados novos ou estreitos;
  • Antes de calçar os sapatos, olhe dentro deles;
  • Manter os sapatos sempre limpos e arejados.

A combinação de prevenção, diagnóstico precoce e técnicas adequadas de reconstrução permitem que muitos casos antes condenados a amputação sejam revertidos. Isso pode significar a diferença entre a perda e a preservação de um membro e, consequentemente, entre uma vida limitada e uma vida com mais autonomia.

Fonte: Rafael Damas

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