Weber assume STF com promessas de “serenidade” e “defesa máxima da democracia”

Terceira mulher a presidir a Suprema Corte, Rosa Weber considera um "imenso desafio" assumir o cargo "nestes tempos tumultuados que estamos vivendo". A ministra é discreta e avessa a entrevistas

(crédito: Nelson Jr./SCO/STF)

A ministra Rosa Weber foi eleita, ontem, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), substituindo o ministro Luiz Fux. A magistrada destacou que comandará a Corte com “serenidade” e “defesa máxima da democracia”. Na mesma sessão, o ministro Luís Roberto Barroso foi eleito vice-presidente. A cerimônia de posse dos dois ministros está marcada para 12 de setembro.

“Vou procurar desempenhá-lo (o cargo) com toda serenidade e com a certeza do apoio de vossas excelências, que, para mim, será fundamental. E sempre na defesa da integridade e na soberania da Constituição e do regime democrático”, disse a ministra, após a eleição interna.

Weber e Barroso foram eleitos por 10 votos a um — é praxe que o ministro que assumirá a presidência vote em seu vice. A eleição é feita entre os próprios integrantes da Corte e são protocolares. O Supremo adota para a sucessão de seus presidentes um sistema de rodízio, baseado no critério de antiguidade.

Diferentemente de gestores anteriores, a ministra não cumprirá dois anos de mandato porque se aposentará em outubro de 2023, quando completará 75 anos de idade. Ela declarou que, mesmo com o pouco tempo em que permanecerá à frente do Supremo, irá cumprir com rigor todas as tarefas que o cargo demanda.

“Essa tradição não ofusca, não inibe, não prejudica o fato de eu estar sensibilizada pelo voto de confiança de vossas excelências. Exercer a chefia do Poder Judiciário, para uma juíza de carreira como eu, que está há 46 anos (na magistratura), é uma honra inexcedível”, declarou. “Em especial, nestes tempos tumultuados que nós estamos vivendo, o exercício deste cargo trata-se de um imenso desafio.”

Contrária aos holofotes, Rosa Weber passou os últimos 10 anos no STF praticamente sem conceder entrevistas. Ela é vista pelos seus pares como extremamente discreta e técnica. Ao contrário do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passou a proferir falas duras, diretas e recados expressos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a tendência é a que a magistrada mantenha o temperamento discreto e fique longe de polêmicas com o Poder Executivo.

Antes de assumir uma cadeira do Supremo, Weber presidiu o TSE e, antes de ingressar na Suprema Corte, foi ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A carreira como jurista começou em meados de 1967, quando ela foi aprovada em primeiro lugar no vestibular da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). O curso foi concluído em 1971 e, em 1976, Weber já era ministra substituta.

Em 2005, foi indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ministra do TST. Seis anos depois, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sugeriu o nome da magistrada para ocupar a cadeira deixada pela ministra Ellen Gracie, que havia se aposentado. Ela foi sabatinada pelo Senado Federal, onde foi aprovada por 57 votos a favor e 14 contra.


Fonte: Correio Brasiliense 

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