‘Rumores de Guerra’: tensões entre Rússia e Ucrânia e China e Taiwan podem ocasionar conflito global

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As tensões diplomáticas entre Rússia e Ucrânia e China e Taiwan seguem escalares e parecem não ter uma resolução definitiva a curto prazo. Na sexta-feira (10/12/2021), o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, rejeitou o pedido da Rússia de retirar o convite de adesão da Ucrânia.

O episódio ocorre em meio a temores de uma eventual invasão da Rússia na Ucrânia, em que o governo russo está concentrando dezenas de milhares de soldados na fronteira dos dois países, apesar de Moscou negar que planeja invadir.

Negação dos EUA e a OTAN à proposta Russa

A Rússia apresentou dois documentos na semana passada aos Estados Unidos como uma oferta de garantias de segurança de longo prazo – um projeto de tratado EUA-Rússia e um acordo com a OTAN. Eles são escritos em uma linguagem que beira o ultimato.

Segundo o principal especialista em política externa de Moscou, Fyodor Lukyanov , considerado próximo à visão de mundo do Kremlin e conhecido por aconselhar altos funcionários, “é improvável que o Ocidente aceite as exigências da Rússia porque isso seria politicamente impossível”.

O projeto de tratado contém uma exigência explícita: “Os Estados Unidos da América se comprometerão a impedir uma maior expansão para o leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte e negar a adesão à aliança dos estados da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.” Também exclui essencialmente qualquer cooperação militar bilateral entre os EUA e membros da ex-União Soviética que não fazem parte da OTAN.

O texto do projeto de proposta de acordo com a OTAN contém a obrigação do bloco de excluir novas expansões, inclusive pela adesão da Ucrânia ou de quaisquer outros estados, bem como a declaração explícita de que a OTAN “não deve conduzir nenhuma atividade militar no território de Ucrânia ou outros estados da Europa Oriental, Sul do Cáucaso e Ásia Central. ”

 Há também uma cláusula separada que exige que ambas as partes limitem as atividades que possam ser percebidas como uma ameaça à segurança: “As partes devem abster-se de implantar suas forças armadas e armamentos, inclusive no âmbito de organizações internacionais, alianças ou coalizões militares, nas áreas onde tal implantação poderia ser percebida pela outra parte como uma ameaça à sua segurança nacional, com exceção de tal implantação dentro dos territórios nacionais das partes. ”

“A última exceção significa que a OTAN não pode conduzir atividades militares perto das fronteiras russas, enquanto a Rússia tem o direito de fazer o que achar adequado em partes de seu território que fazem fronteira com a OTAN. Isso reflete a postura e as demandas que a Rússia vem expressando há anos, desde que anexou a Crimeia”, refletiu Lukyanov.

Questão China e Taiwan

Defender Taiwan da invasão chinesa se tornou uma tarefa “urgente” e “prioritária” para os militares dos EUA, disse um alto funcionário do Pentágono aos legisladores, alegando que Pequim tem planos de “unificar” à força a ilha sob o domínio do continente.

Testemunhando na audiência de Relações Exteriores do Senado na quarta-feira (15/12/2021), o secretário adjunto da Defesa para Assuntos de Segurança Indo-Pacífico, Ely Ratner, alertou sobre a segurança de Taiwan, insistindo que Washington deve ajudá-lo a conter uma ameaça “real e perigosa” da China.

“Reforçar as defesas de Taiwan é uma tarefa urgente” , disse ele, acrescentando “Estamos modernizando nossas capacidades, atualizando a postura da força dos EUA e desenvolvendo novos conceitos operacionais”, anunciou Ratner.

Tecnologia de Guerra da China avança

O secretário de defesa dos EUA, Lloyd Austin, também abordou os recentes avanços militares chineses do início de dezembro, incluindo o teste de um sistema de armas hipersônicas e o fortalecimento das capacidades nucleares , dizendo: “A América não é um país que teme a competição.”

Durante o discurso do Fórum de Defesa Nacional Reagan, o secretário Austin disse que os EUA estão prontos para enfrentar a ascensão militar da China e estão trabalhando para “apoiar a capacidade de defesa de Taiwan” enquanto “não procuram uma versão asiática da OTAN ou tentam construir uma coalizão anti-China”.

Invasão iminente

Além dos secretário Ratner e Austin, o Almirante Philip Davidson já havia, ainda em março de 2021, alertado que a China poderá invedir Taiwan até 2027. “- Seis anos”. Esse é o tempo que Taiwan poderia ter sobrado antes de sofrer um ataque militar chinês, de acordo com o comandante cessante do Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos, almirante Philip Davidson durante depoimento aberto ao Congresso norte-americano.

Desde então, os observadores aproveitaram os comentários de Davidson – que aparentemente fazem referência ao 100º aniversário da fundação do Exército de Libertação do Povo da China (ELP) em 2027 como um evento que vale a pena comemorar com a conquista de Taiwan – para apoiar suas respectivas posições sobre se Pequim está posicionada para fazer um movimento perigoso logo.

Taiwan se sentem ameaçada

A líder de Taiwan, em entrevista ainda em outubro de 2021, disse que a ameaça de Pequim está crescendo “a cada dia”, já que pela primeira vez ela havia confirmado a presença de tropas americanas em solo taiwanês.

A presidente Tsai Ing-wen disse que Taiwan, que fica a menos de 200 quilômetros (124 milhas) de distância da costa sudeste da China, era um “farol” de democracia que precisava ser defendido para manter a fé em todo o mundo.

“Aqui está esta ilha de 23 milhões de pessoas que se esforçam todos os dias para nos proteger e proteger nossa democracia e garantir que nosso povo tenha o tipo de liberdade que merece”, disse ela.

“Se falharmos, isso significa que as pessoas que acreditam nesses valores duvidarão se esses são os valores pelos quais elas (deveriam) lutar.”

História

Taiwan e a China continental são governadas separadamente desde que os nacionalistas se retiraram para Taiwan no final da guerra civil chinesa, há mais de 70 anos. Taiwan é agora uma democracia florescente, mas o governante Partido Comunista Chinês (PCC) continua a ver a ilha como uma parte inseparável de seu território – apesar de nunca tê-la controlado.

Atualmente, as relações entre Taipei e Pequim estão em seu ponto mais baixo em décadas. No início de outubro de 2021, os militares da China enviaram um número recorde de jatos ao redor de Taiwan, enquanto diplomatas e a mídia estatal alertavam sobre uma possível invasão, a menos que a ilha seguisse a linha do PCC.


Com auxílio de informações via RTNews e CNN
Tradução: Henrique De Mesquita