SAMUEL COSTA: JOGO POLÍTICO NÃO DEVE SE RESTRINGIR AOS INTERESSES DOS POLÍTICOS

Há uma crítica à democracia representativa – eu concordo com ela – de que, nela, a participação do cidadão se limita ao ato de votar. Após isso, o eleitos definem, a seu bel prazer, o rumo que dão ao mandato.

Em geral, o que se vê são mandatos totalmente distanciados do que foi apregoados nas campanhas, no corpo a corpo, nos programas eleitorais nos meios de comunicação, nas redes sociais, nas reuniões em comunidades.

No caso de mandatos legislativos, a dificuldade de fiscalizar a agenda dos parlamentares é bem maior, uma vez que a atuação deles tem grande grau de subjetividade. No que consiste a elaboração de leis? Quanto delas de fato são aprovadas? E, se aprovadas, elas têm mesmo utilidade na vida das pessoas?

No caso de mandatos executivos, há objetividade na atuação, o que permitir conferir se o apregoado nas campanhas está sendo executado, mesmo com algumas variantes.

Na nossa democracia, os mandatos podem seguir a ter o fim, mesmo que o mais distanciado daquilo que o então candidato propôs aos eleitores para convencê-los a votar nele. Isto é, compra-se uma ideia e nos é entregue outra.

Os mandatos interrompidos antes do prazo são aqueles em que seus donos são acusados de corrupção. Comprovada a corrupção, podem ter seus mandatos cassados.

Isso é resultado da “rede de proteção” que os políticos criam para defender seus mandatos. Estas rede são compostas por grupos de interesse (empresas que transacionam com o poder público, sindicatos – de trabalhadores ou patronais – que se sentem representados pelo político, segmentos profissionais, entidades diversas, igrejas, etc,). Em geral, estes grupos são aqueles que financiam as campanhas dos políticos.

Para estes grupos, a interrupção do mandato do político significar perder privilégios ou vantagens que tenham obtido e que queiram manter.

Certamente que a continuidade deste modelo de gerir a política e o bem público é danosa para a sociedade. Os critérios para definir as políticas a serem implementadas estão subordinados àqueles que preservam os interesses destes grupos. Logo, o interesse coletivo vira refém de “interesses menores” dessa forma de operar a política.

Na eleição municipal de Porto Velho, o número dos votos autônomos, independentes, são percentualmente menores do que os “votos vinculados” a este ou aquele candidato, ou mesmo aos grupos de interesse. Ou estão vinculados aos candidatos (assessores, amigos, cabos eleitorais, familiares), ou aos grupos de interesse (empresários e seus empregados, seus familiares e amigos) e assim por diante.

Diante deste quadro, as mudanças tendem a não ocorrer. Como a “rede de proteção” reúne a maioria, as chances de tudo continuar como está, são grandes.

Mas, as pessoas que não integram os grupos de interesse são os agentes da mudança dessa lógica perversa, que nos aprisiona no atraso, na riqueza para uns poucos e pobreza para a maioria.

Estas pessoas, com a liberdade que têm em escolher em quem votar, segundo seus critérios próprios, podem ajudar na mudança que Porto Velho necessita. E, nas próximas eleições há espaço para isso. As opiniões e a participação serão sempre bem vindas.


Fonte: Assessoria